segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Nome próprio.

Ninguém vive a paixão impunemente. A intensidade é uma doença contagiosa.
                        E eu não concebo a vida sem contágios.




 Sei sobre a dor, a falta de ar e a perda de chão.
Sei que nada mais vai ter importância.
Sei que o mundo vai ficar pequeno
e perder o sentido.



 Não sei se é a ausência de pernas ou de mim. Não sei se é a ausência de chão. Eu sei que é um amolecimento das formas, um derramar das coisas. Um desmaio. Um suspiro sem corpo. Um bicho. É ser um bicho ou um vento tanto quanto pessoa na tempestade. Ou um ser. Um ser nada e vazio.
Eu estou vazia. Meu apartamento está vazio. São Paulo está vazia. Eu estou morrendo de amor. Eu queria te dar minha última lágrima, mas eu estou seca. Eu não consigo nem chorar.







Algumas vezes quebram minhas pernas. Chutam minha cara. Pisam nos meus dedos. Eu sobrevivo. Tenho sobrevivido.
Sou marcada, sim, mas faço valer cada uma das minhas cicatrizes.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Chuva, uma quase insônia e nostalgia.

by Idalice Lima on Tuesday, 6 December 2011 at 22:36 ·

Escrevi a poucas horas que iria dormir para ouvir a chuva. Quem não gosta de fazer isso? Mas as chuvas de verão, embora ainda não seja verão, são pesadas e nostálgicas. O que chega a ser irônico pelo fato de que sempre tive a idéia de que chuvas trazem limpeza e energizam a alma, mas por outro lado desenterram lembranças. Saí de casa e fiquei dez minutos na rua, não havia tomado banho, estava calor depois voltei para o banho morno e café quente tradicionais. Fiz de propósito, como se tivesse tomado a chuva acidentalmente, vindo do trabalho, de uma festa, ou de qualquer outro lugar, apenas para sentir o banho morno e o café quente depois da chuva. No banho pensei. Aí começou a nostalgia.
Não que eu pense só no passado, na verdade o futuro anda ocupando muito minha cabeça, mas enfim, pensei “poxa vida faz tempo que não escrevo nada”, nada, absolutamente nada, bom... Nem tanto. Faz uns cinco meses, e pensei, faz tempo também que não termino um romance qualquer, mesma data.  Talvez eu achasse que teria tempo agora que estou aqui, mas ando trabalhando demais. Eu sei. To arrumando desculpas, coisa feia. Mas...escrever? Nem uma carta, nem um poema, nem um tweet quase, olha só. Me livrei do vício daquela coisa. E como sempre comecei a revirar fotos e textos, do ano anterior e parte desse (coisas que eu faço todo ano, antes de acabar). Talvez para tentar entender certas metamorfoses em mim, sejam físicas, espirituais ou mentais. Comparar, lembrar, dar risadas, chorar.
É. Eu mudei muito. Ainda bem que eu não tinha os textos do blog antigo ou o twitter fosse a mesma conta de antes, aí sim iria me odiar e desanimar. Eu sou uma péssima escritora. Eu só sirvo para falar de mim essa é a verdade. E quando falo dos outros ou de coisas, ou pessoas ou idéias nunca é a mesma coisa. Talvez eu seja minha própria zona de conforto. Até tentei sair por ai escrevendo coisas que eu achava que sabia, mas nunca era o que realmente pensava, mas eu não podia por não ter um título na mão. Não quero mais. Não faço mais questão. Uma metamorfose bem intrigante essa que eu não resolvi ainda. Mas com certeza não resolverei com palavras. Andei em silêncio. As palavras perderam o sentido. A dança não é desculpa para ter parado de ler ou escrever. Re-descobri outras linguagem que podem explicar tão bem tanta coisa ao meu redor. E só de pensar que um tempo atrás palavras eram tudo pra mim. Eram tudo o que eu tinha de concreto para me sustentar em alguma idéia. Até mesmo as emoções. Não conseguia sentir algo que eu não pudesse nomear, e quando não tinha nome, ou teoria ou causa, ou razão eu as inventava. Mas certas coisas não têm explicação. Nossa, que chavão, você pode mais Ida.
Não é o fim, nem a chave. Achei algumas chaves Drummond, mas elas não serviram para muito. Queria entender os poetas.Sabe, eu tinha uma fixação extrema por poetas mal resolvidos, densos, heterônimos e histeroneurastênicos. Consegui me encontrar em alguma fibra de cada um deles, mas daí eu me perdi, não digo que de mim mesma, só que chegou um momento que faltava alguma coisa, porque sempre falta... Mas não era palavra. E isso não é um texto, é uma bela salada e quem me conhece sabe que eu me perco nos meus textos, me perco dentro de mim, mas nunca de mim, nunca mesmo. Pensando bem acho que estou perdendo o jeito e o sono.Talvez eu tente terminar isso que eu não sei o que é um outro dia.

Café? Não, obrigada.