quinta-feira, 26 de junho de 2014

I stood for nothing, so I fell for everything.

            É tão estranho quando me deparo com tudo isso aqui. Parece incomodar tanta coisa assim, toda escrita. Mas em certos momentos, certo conforto e prazer. Parece nada, mas quando tudo cria forma dentro de um período é certo deixar registrado. Mesmo que não seja nada. De qualquer forma, é confortador.

            Me acostumo nas rotinas e nas retinas e certas coisas já não fazem parte como faziam. Dá um certo gosto de satisfação misturado à memória do que já não faz mais parte. Não parece tanto tempo assim, mas para quem vive o tempo é como se sente. Relativo e pessoal.

            Tenho me apegado a isso. Quando dá tempo. Racionalizar e Raciocinar demais não funciona. A vida ensina todos os dias. A rua que atravessamos não é igual todos os dias. O nosso cabelo não é igual todos os dias. É preciso deixar rolar e jamais fingir que se deixa.

          As fotografias estão em discos quase irrecuperáveis e daí lembro que é necessário salvar e guardar tudo de novo. Algumas coisas passam de propósito e há discos que foram psicodelicamente danificados, mas ficam ali ocupando espaço. Certas roupas que eu insisto em guardar, e sapatos que jamais vou usar. A gente fica com o que não pesa tanto. No final nada é importante, mas diante de tanta efemeridade, porque não se apegar?

            É paradoxal eu sei, tanta memória rabiscada e desconexa. E passa a ser divertido quando você se acostuma a se surpreender. Parar pra pensar nesse tipo de coisa e escrever enquanto Katy Perry vocaliza Roar é tão irônico quanto a vontade de cantar junto como se já não fosse tão tarde pra isso. Não gosto de quebrar o silêncio, não diretamente.

            Pode ser que nada mude, porque eu espero mudança. Pode ser que seja exatamente tudo igual também, pra variar. Ando descompromissada com o tempo, quando a gente espera ele passar tudo sempre parece uma eternidade.

            Uma dia de cada vez é a regra mesmo que o calendário do resto do ano já esteja completamente rabiscado.

            

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Tesoura sem ponta - O mundo anda tão complicado


Eu sei que não deveria, mas toda vez que eu tento é como dar dois passos pra trás. Cada vez que levanto, uma rotina, um detalhe, o cheiro permanece intacto no travesseiro e percebo que tenho ocupado mais tempo na rotina da dúvida entre trocar ou não os lençóis. A saudade fica cada vez mais intensa e cada vez menos demorada, mas mesmo assim ela existe e está todos os dias pedindo um pedaço da minha atenção.

Contei todos os passos possíveis ente os cantos do seu sorriso. Parece ridículo e antiquadamente assimétrico toda essa poesia entalhada em nós. De repente tudo parece detalhe, todo detalhe parece menos e estar junto se concebe tão mais. Necessário.

E digno, porque esqueço de fechar a porta pra usar o banheiro – não que meu banheiro tivesse porta, mas isso não importa – porque tudo o que é íntimo parece assustadoramente natural.

Mas não se esqueça de esconder as tesouras, as pontas soltas e os restos de cabelo na pia. O amor não é cego e ele repara na bagunça.