É tão estranho quando
me deparo com tudo isso aqui. Parece incomodar tanta coisa assim, toda escrita.
Mas em certos momentos, certo
conforto e prazer. Parece nada, mas quando tudo cria forma dentro de um período é certo deixar registrado. Mesmo que não seja nada. De qualquer forma, é
confortador.
Me acostumo nas rotinas e nas
retinas e certas coisas já não fazem parte como faziam. Dá um certo gosto de
satisfação misturado à memória do que já não faz mais parte. Não parece tanto
tempo assim, mas para quem vive o tempo é como se sente. Relativo e pessoal.
Tenho me apegado a isso. Quando dá
tempo. Racionalizar e Raciocinar demais não funciona. A vida ensina todos os
dias. A rua que atravessamos não é igual todos os dias. O nosso cabelo não é
igual todos os dias. É preciso deixar rolar e jamais fingir que se deixa.
As
fotografias estão em discos quase irrecuperáveis e daí lembro que é necessário
salvar e guardar tudo de novo. Algumas coisas passam de propósito e há discos
que foram psicodelicamente danificados, mas ficam ali ocupando espaço. Certas
roupas que eu insisto em guardar, e sapatos que jamais vou usar. A gente fica
com o que não pesa tanto. No final nada é importante, mas diante de tanta
efemeridade, porque não se apegar?
É paradoxal eu sei, tanta memória
rabiscada e desconexa. E passa a ser divertido quando você se acostuma a se
surpreender. Parar pra pensar nesse tipo de coisa e escrever enquanto Katy
Perry vocaliza Roar é tão irônico quanto a vontade de cantar junto como se já
não fosse tão tarde pra isso. Não gosto de quebrar o silêncio, não diretamente.
Pode ser que nada mude, porque eu
espero mudança. Pode ser que seja exatamente tudo igual também, pra variar.
Ando descompromissada com o tempo, quando a gente espera ele passar tudo sempre
parece uma eternidade.
Uma dia de cada vez é a regra mesmo
que o calendário do resto do ano já esteja completamente rabiscado.