segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A origem.


O consciente do subconsciente torna imperável a não tradução literária
ela rompre e estupra as palavras
ela estrupa, destrói e despolariza o integral
o solúvel divino no macro
com a contempureza do sono lírico
e o canto do hino de Armagedom 
assim como na América.

Don't close my eyes.

Templo.


Sol, lua, terreno abruptamente lavado pelo arco do sagrado
do leve e sublime sonho de todos nós
recheados das minhas coisinhas de outrora
da nostalgia que era o arvorecer da praça
amarelinha e pipa acolá
o sol, o sol a raiar!

Maiakovski.

Viva Maiakovski!
Ele brilha as pessoas.

                                        Eu brilhei.

Emaranhouse.


A partir de agora te personifico em todas as minhas palavras
em todas as minhas letras e sentidos, porquês e amanhãs
nas coisas duras do entresentido da coisa
da serenidade de tua poesia humanizada
com o doce labor do sempre amanhecer
que seja doce, que seja doce o nosso reviver!

Apenas poesia emaranhada
apenas linhas nobres do enjuvenecer
do permear do circular do sol
do viver 

e por que não, do desviver.


Sem ponta.


Eu me padronizei com teus modelos, com tuas costuras
e me sangrei no avesso de tuas tesouras tão finas
eu o vi surgir num ímpeto um dia e te disse
meus olhos começam a luzir a luz do sereno sol
me fugi, me colei, me absorvi
te humilhei , me perdi, mas achei
que era grande o seu significado
mas não soube soubesificar a minha existência
do valio que sola a minha solitude.
Tei, tu , terás
terás os céus, a terra e o mar.
Só se verá.
lá.

Pena.


Intérpretes de um modelo torto, uma escravidão
o impopular.
O que não é nem deve ser nunca será
mas é o subjuntivo italino
o grosso que deixa as palavras mais pretas
a tarja e a tocha lado a lado de um verde véu
principal e principérsia
o gelo para no ar
a escuridão e a conversa
a sutileza do palavrear.
A ti pena amiga, ofereço o meu cantetear
que canete e pinte tua letra
para um beco de letras de forma, de tortas e esvoaçantes
de jardins de seda
e palácios de benjamins,
ah...
a voar.



Além.


Risca, chove e molha o além
pra longe, pra perto
dentro do trem
ali na conchinha do mar de aquíferos
aquíferos em meio a frases do bem
mais sois, mas tens a pressa de um trem
um calmo aciferato do além
do tempo do espaço,
do que a gente tem.

Risocéu.


O riso rola
rola o riso e a folha marela
a esfera da esferográfica esferando-me
esfera a esferograça
esferosonho
esferumaça
esfoleia, espere, esperare, tu
esperarás circlecéu
o céu de nuvens orográficas da Alessandra
o céu pra qualquer lugar.
Lugar de todo mundo e ninguém,
meu porta, meu além.

Born


Nasci num dia de chuva certamente. Sim, minha mãe me contou e meu pai também me contava. Eram 10 horas da manhã, foi cesariana, fui a última. Depois de cinco irmãos era a quinta menina que nascia, que leva o nome da avó,que as pessoas dizem ser tão chata como ela. Não sei se era virginiana, mas era professora. Ensinou meu pai e seus irmãos a ler e a fazer contas desde pequenos. Não tenho muitas lembranças dela, só lembro de alguns banhos numa bacia enorme que tinha na casa dela, com a água morna que ela esquentava no fogão à lenha. Meu avô tinha um pé de melancia no quintal e ele sempre me falava que se eu engolisse a semente ia nascer um pé de melancia na minha barriga. E eu acreditava, e imaginava as melancias crescendo dentro de mim. E era grande aquele quintal, parecia um sítio. E também havia um sítio bem bonito tinha cavalos e eu tinha medo deles, chorava sempre que via. E naquele quintal de seriguelas, umbus e tamarindos eu construí parte da minha infância.

Tenho saudades. Das cachoeiras, dos rios onde eu me banhava enquanto minha mãe lavava roupa, rios que hoje já devem estar secos.
Mas o que não foge a minha memória é o cheiro do café, que saía a qualquer hora do dia, moído na hora. Sentados todos à mesa tomando um café com o bolo de fubá da vó na sua mesa de madeira. E sim, são essas memórias que me fazem perceber que o tempo passa, não volta, e que se deve amar às pessoas como se o amanhã não existisse, e que se deve viver cada momento intensamente e verdadeiramente. Pois tudo depois se tornará uma lembrança, momentos que a memória vai resgatar.


27/09/10

Rosas



Bom...são 4:29 da manhã, está queimando um incenso de cravo, é uma delícia! Veio escrito na caixinha 'paz de espírito', sim, eu estou em paz. E o cravo me lembra um brigadeiro que comi no meu aniversário, embora não existam cravos em brigadeiros, e tenha tido beijinho também nesse dia, mas eu me lembro mesmo é do cravo e do brigadeiro, e das rosas, também haviam rosas.
Sim rosas e cravos. Só que o cravo não brigou com a rosa. O cravo não tinha feridas, porque a rosa as curou. E a rosa é uma nova flor, uma nova rosa, uma rosa vermelha. Era uma rosa que era vermelha e outras rosas que ainda não estavam vermelhas como as outras pois elas eram coloridas psicodelicamente e também porque na verdade elas ainda eram cor-de-pele. Mas já devem estar vermelhas e lindas porque eu cuido delas com amor. Não que eu não goste da cor da pele. É linda a rosa com cor de pele, especialmente a pele dele.
Mesmo que eu esteja aqui, com o incenso de cravo ainda queimando, uma caneca de café em frente ao pc, longe de quem eu amo, relembro os dias lindos de setembro que passei esse ano. Onde tudo certamente foi verdadeiro, intenso e lindo. Sentir como é ser amado apesar de todos os meus defeitos, de toda a impulsividade e principalmente apesar dos meus erros. Ser amado pelo que se é, e não pelo que se parece ser. Sentir isso bem no fundo do coração e da alma. Aprendi isso ao lado de quem eu amo. É é muito bom quando a vida te dá oportunidades de crescer e aprender, e evoluir com alguém que se ama. É muito bom ter a alegria de ser amada e desejada por alguém que me acrescenta tanto quanto me completa.


29/09/10


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

'about us'


Fico querendo te encontrar para conversarmos durante horas, perguntar como foi seu dia e reclamarmos um de cada vez sobre o seu próprio trabalho, ouvir suas piadas sem graça e rir de você quando me diz que não tenho senso de humor. A semana foi exaustiva e estressante, sim, mas a única coisa que desejo realmente fazer quando você chega é te abraçar e não te largar mais. E depois de tantos anos, eu tão egoísta e tão cheia de tantas palavras reclamo, às vezes, da nossa falta de assunto. Daí então, percebo que não temos mais aquela ânsia dos casais iniciantes, pelo contrário, temos a calma e a serenidade de quem acha que já sabe demais um do outro e sempre acaba descobrindo algo mais através do silêncio. Somos o casal daquela mesa no canto que não se falam mais apenas porque não precisam mais de palavras. Aqueles que já gastaram demais as tantas e tantas palavras de amor, mas que ainda dizem um pro outro eu te amo todos os dias tão intensamente quanto se pede perdão. E que também por algumas horas em um dia qualquer se enchem de insultos apenas para não se esquecerem de que ainda são humanos e diferentes.

“Que o teu silêncio me fale cada vez mais” foram as palavras do poeta enquanto caminhava em direção a sua metade. Não deve ter sido bem assim, mas é como eu me imagino recitando o poema com uma imaginação adolescente, feito uma garota bucólica farta de romances janeaustinos. E eu quero cada vez mais disso, embora o silêncio à dois me deixe constrangida e por vezes, completamente nua. Quero aprender cada vez mais sua língua e entender, mesmo que pela metade – porque sou metade – as entrelinhas de sua expressão. O que há entre as linhas do seu corpo já não é mais segredo, por isso gosto quando estou longe de você, de te imaginar sempre vestido pra tentar fingir um esquecimento de um território não mapeado e fazer de cada encontro e de cada toque uma longa e preciosa descoberta.

Hastear bandeira nuca foi preciso embora como animais não tenhamos evoluído tanto, carregando em cada um o cheiro do outro, e principalmente a lembrança, que nada apaga. Ou como o artista que admira sua obra e a reconhece em qualquer lugar sem a tão necessária assinatura. Eu te reconheço, tu me reconheces, e isso é tudo.  A vela que carrega nossa chama parece ser tão antiga quanto o sol, pois a cada dia se torna mais quente e furiosa. Consigo imaginar também nosso amor como aquela cena de um filme romântico – porque sou romântica mesmo dizendo que não – onde um navio fervilha num vapor excitante, ardentemente flamejante, apenas para adiar o impacto do gelo. E no fim da milésima vez que assisto ao seu lado eu teimo em dizer, sim, eu teimo, ninguém afunda o nosso amor.  E não há gelo que me provará o contrário.